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Revista Manifesto, Número 7

Revista Manifesto Nº7

Excerto do Editorial
Por constrangimentos e contratempos muito diversos, alguns dos quais inesperados, o número 7 da Manifesto chega às bancas com alguns meses de atraso. Concebido desde o início com o dossier temático dedicado à guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado com a invasão deste país pela Rússia, o impasse da situação fez, contudo, com que essa opção editorial não perdesse, em ampla medida, atualidade.

É bem certo, igualmente, que a preocupação em reunir um conjunto de reflexões sobre a guerra que contribuísse sobretudo para a melhor compreender e enquadrar – a partir de distintos pontos de vista, opiniões, sensibilidades e ângulos de análise – também favoreceu a circunstância de os textos do dossier se manterem, apesar de tudo, atuais. E o próprio objetivo inicial na escolha do tema, de procurar romper com as empobrecedoras visões «a preto e branco», que desde a primeira hora se instalaram no debate público, mantém também por isso a sua validade. Mesmo que o leitor se depare com um ou outro elemento mais datado, julgamos que isso não afetará o essencial de cada um dos textos aqui publicados.

Este dossier sobre uma guerra que parece, de facto, não ter fim à vista, abre com a transcrição da entrevista de Daniel Oliveira a Viriato Soromenho Marques, publicada pelo Expresso em abril de 2022. Procurando explorar as relações entre o presente e as condições que, no passado, ajudam a explicar o que aconteceu – não justificando a invasão, como sublinha o entrevistado – Soromenho Marques assinala, já na altura, e entre outras importantes questões, os riscos de ampliação do conflito e da tragédia que, de resto, se mantêm.

Lista de Artigos:
ANTÓNIO MELO, A Censura, essa “porca”, citando Bordallo Pinheiro
BERNARDO TELES FAZENDEIRO, O mundo pós-soviético: Alargamento e autodeterminação
DANIEL OLIVEIRA, Os dilemas da esquerda anti-imperialista
HERNÂNI LOUREIRO, A Tirania do Mérito – o que aconteceu ao Bem Comum?
ISABEL DO CARMO, Questões estruturais da Saúde em Portugal
JOSÉ MANUEL PUREZA, A política externa portuguesa e a guerra na Ucrânia: Alinhamentos Imperiais
JOSÉ REIS, O neoliberalismo às claras
KATHARINA PISTOR, Da Terapia de Choque à Guerra de Putin
LOREN BALHORN, A esquerda alemã precisa de falar para a maioria da classe trabalhadora
LUÍS CARAPINHA, A tempestade perfeita que pode levar o mundo à catástrofe: Breves notas em torno da guerra na Ucrânia
MANON AUBRY, Dinâmicas de convergência da esquerda francesa
MANUEL SAN PAYO, Ilustrações
MANUELA BARRETO NUNES, «Império do Medo»: uma exposição sobre a escravatura e o tráfico negreiro em Portugal e no mundo
MIGUEL CABRAL, Balanço da resposta à pandemia da COVID-19: a perspetiva de um médico de saúde pública
PILAR DEL RIO, 100 anos de José Saramago
VICENTE FERREIRA, Inflação: o que sabemos até agora?
VIRIATO SOROMENHO MARQUES (entrevista por Daniel Oliveira)

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Revista Manifesto • Já saiu o Número 6

Excerto do Editorial

No número anterior da Manifesto, publicado em plena crise pandémica e com as alterações climáticas a assumir redobrada importância, colocou-se a possibilidade de estas questões, entre outras, obrigarem a um questionamento profundo do capitalismo predatório e iníquo que temos e, nessa medida, a desencadear mudanças no modo como nos organizamos económica e socialmente. «Para que nada fique como dantes» era, assim, o tema desse número.

Não foi contudo necessário muito tempo para se constatar que, com um maior controlo da crise pandémica nos países desenvolvidos, graças à vacinação, a consciência da necessidade de mudança se foi desvanecendo, acumulando-se os sinais de gradual regresso ao «velho normal», mesmo que as ameaças – nomeadamente as ambientais, mas não só – tenham continuado a agravar-se.

Mais que impactos circunstanciais e temporários, a crise pandémica veio de facto revelar, e em vários aspetos acentuar, as desigualdades, desequilíbrios e disfuncionalidades com que há muito nos defrontamos, fruto das políticas neoliberais das últimas décadas. Por isso, e na ausência de luta organizada, incluindo no plano político-ideológico, corre-se o risco de que a crise apenas tenha sido um parêntese de expetativas, não abrindo portas às mudanças irreparavelmente necessárias.

Procura-se, sobretudo no dossiê deste número 6 da revista Manifesto, refletir sobre os problemas estruturais e os constrangimentos que a crise pandémica, com os seus impactos económicos e sociais, veio evidenciar, em especial no nosso país, discutindo as possibilidades de transformação e os impasses e resistências que persistem em vários planos, e cujas forças apontam para que possa ficar tudo como dantes.


Lista de Artigos

AS TOUPEIRAS, Teoria Acção Organização

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, «A História tem tempo, nós não temos» (entrevista por Nuno Ramos de Almeida)

CARLOS BRITO, Jorge Sampaio – Audácia e ponderação inseparáveis

CONSTANTINO SAKELLARIDES, «Pôr mais recursos em cima de disfunções aumenta a ineficiência e enfraquece o SNS» (entrevista por José Vítor Malheiros e Manuela Silva)

DIOGO MARTINS, A persistência de uma economia frágil: o que esta «Geringonça» nunca poderia resolver

FRANCISCO FERREIRA, ALEXANDRE JESUS e PEDRO NUNES, Precisamos de um novo aeroporto? Não

FREDERICO PINHEIRO, Precisamos de um novo aeroporto? Sim

GONÇALO LEITE VELHO, Retomamos a (e)missão? Instituições, universidade e pós-Covid-19

JOÃO COSTA, A lupa pandémica no ensino básico e secundário

JOÃO FERRÃO, Preparar as cidades para riscos globais… e além!

JOÃO RODRIGUES e NUNO TELES, Ideologias capitais

JORGE GONÇALVES e FERNANDO NUNES DA SILVA, Entre os extremos, nada! A incessante busca por uma reforma institucional metropolitana

JOSÉ GUSMÃO, Europa e a doutrina da escassez

JOSÉ NEVES, Outubro no país da «Geringonça»: política e história em Portugal

KATIELLE SILVA, DIOGO GASPAR SILVA e JORGE MALHEIROS, Revisitando o dualismo sociodemográfico e económico português: territórios de alta e baixa densidade

LUÍS MENDES, PRR, Habitação e Arrendamento

MARIA MANUELA CRUZEIRO, Eduardo Lourenço – Pensar a política

PAULA CABEÇADAS, «Eu, Daniel Blake» (Ken Loach)

PAULO COIMBRA, Política económica em tempo de confinamento: lições a reter

PAULO PEDROSO, Regressar depressa ao status quo ante? A crise mostrou vulnerabilidades permanentes

RAQUEL RIBEIRO, Cuba: os protestos de 11 de Julho perante a crise económica e política

RENATO MIGUEL DO CARMO, Os invisíveis regimes de precariedade: o direito ao aqui e agora

RICARDO PAES MAMEDE, Não se espere da ‘bazuca’ o tiro que não pode dar

TIAGO MOTA SARAIVA, Construir uma nova geração de mutualismo

APELO, Votos por uma maioria plural de esquerda

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A política pós-presidenciais e em tempo de pandemia

Este texto, da autoria de Henrique Sousa, serviu de introdução ao debate do Conselho Geral da Associação Fórum Manifesto de 29 de janeiro de 2021.

Permitam-me duas observações prévias à introdução deste debate que a Direcção da Manifesto me convidou a fazer:

Uma, para saudar o testemunho luminoso da “senhora Maria”, da nossa amiga Isabel do Carmo, sobre a sua experiência de dez dias no hospital de Santa Maria. São testemunhos assim que nos dão forças para resistir e esperança para esta longa e dura caminhada. Recebi hoje muitas manifestações de apreço doutros amigos com quem partilhei e que também divulgaram o texto da Isabel. Bem hajas, querida Isabel. Outra, para saudar comovidamente a aprovação na AR da lei da despenalização da morte assistida, longamente construída de modo cuidado e responsável. Não é ainda o fim do caminho. Mais obstáculos haverá que terão de ser vencidos. Mas é já uma conquista histórica que se inscreve na conquista do direito e da liberdade de viver e morrer com dignidade. Quero por isso saudar os deputados que votaram a lei e homenagear e lembrar o papel pioneiro e decisivo do nosso saudoso amigo João Semedo e de Laura Ferreira dos Santos, fundadora do movimento “Direito a Morrer com Dignidade”, que já partiram. Este é um combate da cidadania que me diz pessoalmente muito e um acontecimento que quero aqui celebrar convosco.

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Revista Manifesto • Já saiu o Número 5

Este número da Manifesto foi inicialmente concebido para se dedicar à crise ambiental. Já então com uma ideia muito clara: a de que as alterações climáticas, e a urgência de respostas, constituíam um sinal inequívoco da necessidade de repensar o nosso modo de vida e como nos organizamos, questionando as formas e as lógicas de um capitalismo globalizado e neoliberal, que se tornou hegemónico com a crescente erosão de freios e contrapesos democráticos na escala nacional.

E surgiu, entretanto, a crise pandémica associada à Covid-19, que perturbou de forma brutal o quotidiano, no plano social, económico e até político e cultural, obrigando à adoção de medidas, até aqui impensáveis, para a enfrentar. No fundo, temos todos a obrigação de saber que a robustez das soluções democráticas – do Serviço Nacional de Saúde à confiança social alimentada pela igualdade cidadã, passando pelas instituições públicas de produção de ciência – são outros tantos mecanismos que fazem a diferença no combate à pandemia. Esta obrigou-nos a distinguir o essencial do acessório, incluindo na produção e no trabalho, superando o relativismo neoliberal, que tinha feito da finança o alfa e ómega da existência. E obrigou também as instituições europeias a suspender regras “estúpidas” no plano orçamental ou do mercado interno sem, no entanto, colocar em causa o primado da finança.

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Lista de artigos:

ANA BENAVENTEO meu apoio? Marisa Matias. Porquê? Múltiplas razões

ANA MARGARIDA ESTEVESDesenvolvimento Regenerativo: Comunidade, resiliência ecológica e economia solidária

ANDRÉ CARMOA Visão Estratégica de Costa Silva ou, mais uma vez, a crise como oportunidade

CLIVE L. SPASHA passiva revolução ambiental capitalista

DANIEL OLIVEIRAAna Gomes. Nas margens do Rubicão

FRANCISCO FERREIRA (entrevista por Filipa Vala)

FREDERICO FRANCISCOOs limites físicos do planeta, a tecnologia que nos vai salvar e a injustiça climática

HELOÍSA APOLÓNIADesvalorização do Ambiente – Um erro político de custo elevado

HENRIQUE SOUSA«Poderes sindicais em debate»

ISABEL DO CARMO e JOÃO N. RODRIGUESO Serviço Nacional de Saúde e a Covid-19

ISABEL MENDES LOPES, JORGE PINTO e CARLOS M. TEIXEIRAPós-Covid-19: Um novo paradigma para a mobilidade?

JOANA MANUELO João Ferreira tem o meu voto

JOANA VILLAVERDE, «Animals nightmare»

JOÃO RODRIGUES e NUNO TELESE já só há o Estado a que isto chegou

JOÃO RODRIGUESAntes e depois do suspiro de alívio

JOÃO SANTOS PEREIRAFlorestas e ambiente

JORGE COSTAEnergia, transição climática e propriedade pública

JOSÉ CASTRO CALDASO súbito industrialismo de todos os partidos e as possibilidades de reindustrialização em Portugal

JOSÉ GUSMÃOAcordo no Conselho Europeu: pensar em grande e omitir detalhes

JOSÉ GUSMÃOMARISA MATIAS e VICENTE FERREIRAVerdes Planos

JOSÉ REIS, «Precisamos de um programa de insubmissão» (entrevista por José Vítor Malheiros)

MARGARIDA MARQUESDesta vez temos uma resposta europeia à crise

MIGUEL VALE DE ALMEIDANão são todos iguais

PAULA CABEÇADAS, «Bacurau»

PAULO PEDROSOA Covid-19 e a desigualdade

ROBERT POLLINDefender os Bens Comuns Globais com um Novo Pacto Verde Global

SEBASTIÃO PERNES, «Ondas»

SÉRGIO GODINHOZMB

VASCO PAIVAAgricultura, floresta e desenvolvimento rural

VERA FERREIRAJustiça na Transição? Rumo à neutralidade carbónica em Portugal

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Revista Manifesto • Número 4

Revista Manifesto número 4

Contrariando a ideia de que o Estado é um obstáculo para a economia (por absorver recursos que a impedem de crescer) e de que é necessário um Estado mínimo (abrindo espaço ao setor privado nas diferentes áreas), defende-se no dossier deste número que o país precisa de «mais e melhor Estado», devendo esse ser o ponto de partida para uma legislatura de governação à esquerda.

Já saiu o nº4 da revista manifesto, pode encontrá-lo em banca ou pode adquiri-lo aqui onde também pode fazer a assinatura e receber a revista em casa. Neste número pode encontrar um dossier sobre “Mais e Melhor Estado”, uma entrevista a José Pacheco Pereira e ainda o portefolio de Egídio Santos, sem esquecer as secções Memória, Estórias, Recensão e Ilustrações.

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Fórum de Outono 2018 | Os nós da Geringonça

Auditório da Pousada da Juventude, Parque das Nações, Lisboa

19 e 20 de Outubro

Inscrição Gratuita AQUI

Download do programa em PDF


Aproxima-se o final de uma legislatura inédita na democracia portuguesa. Pela primeira vez, e perante a necessidade premente de romper com a devastação causada pela maioria de direita nos anos do «ajustamento», as esquerdas convergem numa solução política que permitiu viabilizar, com o necessário suporte parlamentar, o XXI Governo Constitucional. Um processo que permitiu travar e reverter, nos seus traços essenciais, as lógicas de «empobrecimento competitivo», de desregulação e de retração do papel do Estado e das políticas públicas.

O que pode um país, regressado à «normalidade» e ao qual foi devolvida a esperança através desses entendimentos, esperar das esquerdas na próxima legislatura, seja qual for o modelo de convergência que venha a ser adotado? Como aprofundar a governação à esquerda, para lá da restituição de rendimentos e da reversão das políticas e da recusa da agenda da direita? Como desatar os principais nós que dividem PS, BE, PCP e PEV, em matérias como a Europa, as opções orçamentais, os serviços públicos ou as políticas que respondem aos desafios essenciais que hoje se colocam a Portugal?


PROGRAMA

19 Outubro, Sexta-Feira

18.30 – Conferência de abertura:

  • Isabel do Carmo

21h30 – «Este país não é para jovens»

  • Ana Drago
  • Helena Roseta
  • Jorge Malheiros

(moderação: Daniel Oliveira)

20 Outubro, Sábado

10h30 – «Há privado a mais no SNS?»

  • João Nunes Rodrigues
  • Paulo Fidalgo
  • Tiago Correia

(moderação: Margarida Santos)

14h30 – «Para onde vai o dinheiro?»

  • Fernando Rocha Andrade
  • Ricardo Paes Mamede
  • Eugénia Pires

(moderação: José Vítor Malheiros)

17h00 – «O lugar da esquerda nesta Europa»

  • José Pacheco Pereira
  • Francisco Louçã
  • João Rodrigues

(moderação: Sandra Monteiro)

19.00 – Conferência de encerramento:

  • Diogo Martins